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Inversismo
Diariamente somos bombardeados com centenas de informações provenientes das mídias de massa; esse tipo de mídia é formadora de opinião, de modo que milhões de pessoas são influenciadas por aquilo que é apresentado nos meios de comunicação. Devido a essas influências há, em grande parte dos casos, um inversismo de valores morais tornando situações abomináveis em coisas banais.
A sociedade capitalista na qual estamos inseridos evoca, todos os dias, um padrão de vida e de consumo que é estimulado e agraciado pela mídia. Somos domesticados para querer tudo, saber tudo, consumir tudo; levando o pensamento de Jacinto, na obra de Eça de Queirós “A Cidade e As Serras” a risca, sendo: suma potência x suma sapiência = suma felicidade. A mídia abusa da capacidade de escolha da população quando lança tendências que somente uma ínfima parcela pode seguir. No entanto, a ânsia por consumir é tão grande que se fazem dívidas estupendas para possuir produtos supérfluos e alheios às necessidades básicas; pensando, de fato, obter felicidade nos bens materiais. Entretanto, estão apenas sugando ferozmente tudo o que traz felicidade de nós, deixando-nos ocos e abandonados. Sofremos de abusos, estupros intelectuais e nem damo-nos conta disso.
Os abusos de autoridade, no entanto, não são recentes. Durante a ditadura militar, com a implantação do cruel Ato Institucional Número 5, aqueles que tinham o poder usaram a mídia e os meios de comunicação como carros de manobra para encobrir as verdadeiras atrocidades que ocorriam em todo o país, tendo em vista o caso Herzog, onde o jornalista foi brutalmente assassinado por oficiais militares apenas por expressar opiniões controversas ao que era requerido de todos, lembrando perfeitamente a GESTAPO (polícia secreta nazista) que prendia, torturava e assassinava seus opositores. Esses fatos mostram o verdadeiro valor que a vida tem nas mãos dos magnatas: nenhum.
O Artigo 5º da Constituição diz que há liberdade de expressão, no entanto essa tal “liberdade” corrompe e destrói famílias, perverte valores essenciais para a condição de ser humano consciente de seus atos e livre pra fazer julgamentos de acordo com os ditames de sua própria consciência. Mas que consciência é essa que permite a valorização do tráfico de drogas? Que ensina as crianças abuso de poder e autoridade? Que tipo de mídia “conscientizadora” é essa que fecha os olhos para os problemas realmente importantes, como o desmatamento da Amazônia e milhares de crianças na África e América Latina morrendo de fome, pra mostrar durante horas o julgamento de um jogador de futebol que matou a amante? A mídia opressora não permite que a cultura seja adquirida, apenas a ignorância desses valores mantêm essa indústria em movimento.
Temos que tomar as rédeas dos nossos pensamentos, basear nossas escolhas no que acreditamos ser verdadeiramente correto; ninguém nasce pra ser marginal, mas a mídia torna aqueles de intelecto mais frágil em marginais. O futuro do mundo só tem uma saída para todos os problemas sociais provenientes do mau condicionamento da mídia: um choque de cultura. As próximas gerações só serão efetivamente modificadas quando todos os usurpadores de conhecimento forem extirpados da condição de formadores de opinião na qual se encontram agora.
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