sexta-feira, 21 de maio de 2010

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?


Cecília Meireles

domingo, 9 de maio de 2010

Truth.


Truth.

Truth is like a blanket that always leave your feet cold. You push it, stretch it, it’ll never be enough. You kick at it, beat it, it’ll never cover any of us. From the moment we enter crying, to the moment we leave dying, it will just cover your face as you wail and cry and scream.

sábado, 1 de maio de 2010


Uma menina simples, que vivia ao som de Beatles e Rolling Stones até ser corrompida pela imprudência da humanidade. Passou a usar drogas e a se prostituir para comprar mais droags; a facilidade com a qual conseguia tudo o que desejava era impressionante e assustadora, principalmente pra mim.

Passava noites e noites sem voltar pra casa, jogada em esquinas encardidas da cidade; ia de bar em bar oferecer seus serviços: homens, mulheres, casados, solteiros, novos, velhos... Eram todos iguais, desde que pudessem pagar no fim da noite. Realizava todas as fantasias que seus clientes quisessem - isso tudo com apenas 16 anos.

            Aos 18 descobriu que era portadora do vírus da AIDS. E como viver agora? – pensou ela. Seu sustento dependia da quantidade de pessoas que com ela dormiam por noite. Todo o seu apartamento de luxo na zona nobre da cidade fora montado com a única forma de trabalho que ela conhecia. Teria que aprender a fazer alguma outra coisa que não se vender.

            E em meio a todos esses conflitos eu a conheci, certa noite numa boate local. Naquela noite ela não estava maquiada ou bem vestida, estava com a maquiagem dos olhos borrada, como se tivesse passado as ultimas horas chorando a fio; um cheiro forte de cigarro e whisky impregnava-lhe o espaço ao redor. Apesar de tudo, eu senti que havia encontrado a mulher da minha vida, mesmo que ela tivesse perdido a si própria em alguma cama num hotel barato qualquer.

Desde aquele dia eu a amei e cuidei dela de todas as formas possíveis. Infezlimente, não pude desfrutar por muito tempo sua presença terrena. Apenas dois anos depois da noite mais perfeita da minha vida, ela se foi.

E levou com ela a melhor parte de mim. Eu também sou soro-positivo, desde que nasci, tendo contraído a doença ainda no ventre de minha mãe; escrevo esta nota deitado na cama do hospital onde, espero, será meu leito derradeiro. Agora, largo a caneta para aproveitar meus últimos minutos pensando na minha amada Ellena.

                                                                                   Adeus,

                                                                                                          Frederico.