segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

1º de Fevereiro de 2010

17h 15m: E se as minhas contas estão certas, há 40 dias chove em São Paulo. E de onde, diabos, vem tanta água eu não sei. A chuva que cai agora é mais forte do que a dos outros dias. Tô sentada no chão, meus pés sentem o frio azulejo e se contorcem; tô usando a blusa do Rafa, o capuz cobre meus olhos parcialmente enquanto a minha mão percorre o papel. O som da chuva e dos trovões me acalma, desanuvia meus olhos e lava minha alma - sinto-me melhor agora. Estou começando a sentir minhas costas notando o desconforto do travesseiro torto encostado na parece e meus pensamentos distantes, altos...

17h 21m: Nada mudou. A chuva continua, eu continuo, nós continuamos coexistindo; ajeito a franja que cai sobre meu olho. Agora é meu pescoço que dói... Complicado. Minha irmã toca teclado no quarto ao lado, mas nem Mozart é capaz de me alegrar hoje. Estava lendo Laranja Mecânica (thanks to Rafa) e brisando oceanos: Anthony Burgess tem uma mente brilhante, confusa... Mas brilhante. Faço questão de ler sem consultar o "dicionário", e é engraçado me pegar tentando decifrar o significado das palavras absurdas que ele inventou.

17h 26m: E eu ainda estou aqui e a chuva lá fora, insistentemente. Agora, ela cai sobre mim por causa do vento e mancha a folha em que escrevo.

17h 27m: Minha irmã se balança na cadeira - sem noção. Começo a me irritar com essa coisa toda.

17h 28m: Adivinha? Eu ainda estou aqui e desejo que a chuva não pare. Um relâmpago caiu não muito longe daqui, sua luz embaralhou minha visão por um instante.

17h 29m: Descanso a caneta por um instante e me dirijo à janela aberta de meu quarto, contemplo a chuva por alguns momentos. Resmungo mais um pouco e sinto meu coração acelerar por um não-sei-o-quê. Canso e desisto. Não podemos ganhar todas as lutas.

17h 32m: Despeço-me desse pedaço de celulose muito amável que me cedeu sua atenção. Talvez em outro momento volte a desabafar com ele.

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