"O que é imortal"...
"A chuva escorre pela janela, acompanhando minhas lágrimas" - pensou ele, enquanto observava a lua minguante no firmamento. A vida era mais sombria desde que Peter se fora; nada fazia sentido, todos os tons se tornaram pálidos, as notas não eram mais vibrantes...
E assim os dias passavam: numa palheta de cores frias, onde as horas demoravam milênios pra passar e a noite trazia o desespero e a desolação. Não haveria o amanhecer enquanto as coisas não tornassem a ser como antes.
O sol era o maior suplício daquele homem, somente a lembrança dos momentos passados com seu amado salvam-no do desejo da morte.
"Enquanto for um terço meu"...
Os passos eram sôfregos; a jornada, longa... O caminho mais suave parecia ser feito de finissímas agulhas. Ele era seu sol, o motivo pelo qual levantava todas as manhãs - agora, só restava o marasmo e a solidão. A promessa feita sob a cerejeira havia sido quebrada. "Enquanto eu respirar, até o meu último suspiro e mesmo depois que a vida me for ceifada - mesmo nesse momento, me lembrarei de você. Nem a própria eternidade há de nos separar!". E quem disse àquele homem que a eternidade dura "pra sempre"? Ninguém o avisou que o "pra sempre" sempre acaba?
Uma palavra dita levianamente enlouquece o jovem coração apaixonado. Principalmente, quando o amor é proibido, ilícito - como o destes dois rapazes, ele enlouquece, perturba a mente. Transforma sentimento em razão.
"Então, mesmo quando tudo estiver perdido
Eu ainda terei você!"
Ryu não sabia por mais quanto tempo aguentaria tamanho sofrimento - a separação era muito dolorosa. O anseio constante pelo ardente calor, pelo toque sem pudor de Peter... As marcas nas paredes, as mordidas recentes, os lugares que freqüentavam juntos - cada uma dessas coisas acentuava a ausência dele, e alçava ainda mais a força para implorar perdão.
Então, naquela noite chuvosa de céu sem estrelas e lua minguante, ele voltou. Os olhos negros se perderam em lágrimas de felicidade.
- Peter, eu achei que você tivesse me abandonado! Você não imagina o quanto eu sentia sua falta.
- Ruy, juro que nunca mais vou fazer você chorar... A sua dor vai passar agora. - e, aproximando seus lábios dos dele, disse por fim: - Quero curar a ferida que cresceu dentro dentro de você e entre nós.
"O farol que me guia,
mesmo na mais profunda e densa
Escuridão".
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