Ele estava sentado na cama – nu. Ao seu lado, dois copos de uísque; no ar, um cheiro de perfume barato. Seu corpo arranhado entregava o que havia acontecido... Sua acompanhante estava parada em sua frente, os cabelos ruivos emolduravam-lhe a face alva, a sobrancelha delineada destacava os profundos olhos verdes; passando a mão nos cabelos emaranhados dele, começou a vestir-se.
O batom vermelho há muito havia deixado-lhe os lábios; pequenas escoriações marcavam a parte interna de suas coxas – nada que sua meia-calça azul não pudesse esconder. Ele continuou lá, sentado – simplesmente encarando as coisas acontecerem, como se aquele momento sequer lhe pertencesse.
Ela se arrumou, passou uma pela camada de batom nos lábios, pegou seu copo de uísque e partiu. Ela havia terminado sua parte – fora paga, fez o que tinha que fazer e agora estava indo embora.
E ele ainda estava lá, encarando a parede encardida, vendo a vida passar diante de seus olhos...